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Atuando há 45 anos na zona rural do município de Formoso do Araguaia (TO), às margens do rio Javaés, a Escola-Fazenda Canuanã ainda mantinha, mais de quatro décadas depois, sua estrutura original, projetada em 1973: os dormitórios localizavam-se no coração da fazenda, abrigando mais de 40 estudantes por quarto, o que dificultava a privacidade e os vínculos. Os alunos, contudo, não reconheciam Canuanã como uma casa, apenas como uma escola. Logo, surgia a necessidade de modernizar o espaço e estimular os laços de pertencimento e convívio. Nesse contexto, a Fundação Bradesco, por intermédio da arquiteta Luiza Valente – que durante sua formação teve contato com diversos projetos focados no papel central que a arquitetura deve ocupar em causas sociais, dentre os quais os do Instituto “A Gente Transforma” –, pôde estabelecer com a equipe de Marcelo Rosenbaum e do escritório Aleph Zero um desafio aos estudantes: “O que faz Canuanã ser minha casa?”. Dessa forma, firmava-se uma premissa comum: era necessário construir um projeto de co-criação, com participação ativa dos alunos, para que o objetivo principal fosse alcançado. Mais do que sua concepção arquitetônica, as novas moradas deveriam possuir um forte senso de pertencimento. Os pedidos dos estudantes se concentraram em três pontos: conforto, privacidade, e respeito as individualidades. Tendo isso em mente, a equipe pôde projetar dois edifícios, sendo um destinado para os dormitórios femininos e outro para os masculinos. As moradas foram retiradas do coração da fazenda, sendo alocadas no entorno, permitindo a concentração das atividades pedagógicas ao centro. Dessa forma, vida escolar e vida privada estariam dissociadas, e os relacionamentos ultrapassariam o elo educacional, o que rapidamente pôde ser percebido após a reforma.
As alunas se concentraram nos espaços privados, como os quartos, e os meninos nas áreas de convivência e nos jogos, outro ponto fortalecido no novo projeto. Foram construídos um mini palco de teatro, uma sala de televisão e uma sala de estudos para livre acesso dos alunos. Ao mesmo tempo, o projeto se preocupou em valorizar a cultura local, conectando a Unidade ao seu entorno, escolhendo na madeira o material ideal e nos grafismos dos índios Javaés a estampa adequada para as portas dos dormitórios.
Tamanho cuidado permitiu que as novas moradas fossem reconhecidas, para além de seus 846 alunos e 250 funcionários, em nível mundial. Atualmente, o projeto dos arquitetos Gustavo Utrabo e Pedro Duschenes, da Aleph Zero, acumula mais de dez premiações, nacionais e internacionais. Dentre elas, destaca-se recentemente o RIBA Awards for International Excellence 2018, concedido a cada dois anos pelo Real Instituto de Arquitetos Britânicos. A vitória na premiação britânica foi divulgada pela imprensa internacional de 18 cidades em 13 países ao redor do mundo, como as inglesas The Guardian, DailyMail e BBC; a americana CNN; a holandesa De Volkskrant; as irlandesas The Irish Times e The Journal.ie; a canadense Canadian Architect; a versão italiana da nova-iorquina Elle Decor, dentre muitas outras. O mesmo pôde ser percebido nacionalmente, com grande projeção dada pelos principais veículos de imprensa nacional como a Folha de São Paulo; O Estado de São Paulo; G1; Época Negócios; Veja; Casa Vogue; Jornal Anhanguera 2a Edição/TV Globo/Palmas; Jornal Hoje/TV Globo/São Paulo e a versão em português da espanhola El País.